9 de abril de 2011

A arte da defesa

A Preparação para o Combate

No passado remoto, as negras jogavam para se defender. Mas foi o Campeão mundial Bobby Fischer, jogando num torneio contra mais poderoso da época, o então Campeão Mundial russo Vassily Smyslov, no ano de 1970, que demonstrou, que as negras podem praticar desde um defesa tenaz, até jogar para vencer. Aqui nesse ponto entra a Arte da Estratégia, a parte mais importante da Arte da Guerra.
A recomendação geral da arte da guerra para uma situação de conflito iminente, é que cada lado conheça a si mesmo e seu adversário, conhecer as prórias armas e as armas do adversário, como ocorre no início da partida, quando ainda nenhuma ameaça se concretizou. Uma ameaça possível só vai se concretizar em consequência de uma ação real da parte do nosso adversário, e apenas uma delas, uma das ameaça posíveis vai se tornar realidade, uma de cada vez, não todas ao mesmo tempo como pode ocorrer na vida real com um grande exército.
Quando estamos no início de uma partida de Xadrez, tudo que o adversário pode fazer é se mover, ou seja, dar o primeiro passo, realizar a sua primeira jogada. Nós permanecemos tranquilos e apenas ficamos de prontidão. Isso significa permanecer mentalmente atento ao que é mais importante de ser observado e meditado, que são as potencialidades defensivas e ameaças existentes em torno do nosso "Reino".
Segundo a recomendação dos mestres na arte da guerra, o nosso adverário, neste caso, o condutor das peças brancas, deveria testar o nosso ânimo para a luta, usando para isso de um estratagema qualquer, porque a posição inicial é de quase absoluta igualdade. A diferença é apenas o direito de realizar a primeira jogada, que pertence sempre ao jogador que conduz as peças brancas. Apenas por isso as peças negras são obrigadas a aguardar de forma serena o primeiro passo das brancas.
O estratagema recomendado na guerra convencional, em caso de aboluta igualdade de forças, é atacar, usando de forças ligeiras, algum ponto de grande importância do território inimigo, e observar como ele reage diante da nossa provocação.
Nós também sabemos que em seguida aos perigos do primeiro movimento virá outra e mais outra ameaça. Porque o nosso adversário real, durante uma análise de uma posição qualquer, é sempre considerado por nós o mais poderoso de todos. Ele é o mestre supremo. Se uma coisa pode ser feita então ele pode fazer. Se ele quizer fazer, ele fará, qualquer uma delas. Dele tudo podemos esperar. Nunca podemos jogar contando com um erro do advrsário, não posemos subestimar o nosso adversário.
Só o nosso próprio adversário pode tentar se desfazer da sua magnitude, cometendo erros voluntários, e nos concedendo vantagens. Da nossa parte isso não é possível. O nosso conceito é firme, ele, o noso adversário, é sempre o mais poderoso. Ele é aquele que tudo vê, aquele que sabe de tudo, aquele que realmente pode tudo, aquele que tira o melhor proveito de tudo.
Quando situação permite conhecer os planos do adversário
Para exemplificar a arte da defesa no Xadrez, em uma situação de conflito entre duas partes em igualdade de forças. O que essa partida tem de especial é uma exemplo daquilo que pode acontecer quando a posição revela os planos, e nós conhecemos o modo de agir do nosso oponente. Após o adversário assumir uma tendência que revele os eus planos, e nós traçamos um plano estratégico adequado aapresentamos a partida abaixo:

[Event ""] Experimental Chess Match ; [Site ""] intellectvs.blogspot.com; [Date "4-4-2011"]; [Round ""] one; [White "Chessmaster"]; [Black "Claydson"]; [Result "0-1"]; [ECO "oft "]
1. c4 ...
O conecido movimento 1. c4 ... caracteriza a famosa Abertura Inglesa, muito jogada em torneiros de grandes mestres. Mas esse é um lance bem tendencioso, porque destrói a estrutura de peões do lado da Dama e praticamente define a intenção das brancas em atacar na ala da Dama e realizar o roque pequeno. Imediatamente nós definimos a forma de agir, decidimos que o nosso avanço será na ala do Rei, atrair o adversário mas evitar o combate, deixando o centro bloqueado para evitar contrajogo, e finalmente deixando as posições de defesa intactas, na posição original que é a mais recuada possível, na ala da Dama, para o ataque branco consumir o máximo de energia e tempo.
1. c4 Cc6
A nossa resposta é uma provocação, criar imediatamente uma pessão no centro para testar o ânimo do adversário, utilizando forças ligeiras das categorias inferiores, conforme recomenda a Arte da Guerra.
2. d4 ...
A infantaria do adversário reage imediatamente em busca de atacar a nossa cavalaria ligeira estacionada em c6. O adversário quer tirar proveito das mínima vantagens imediatemente.
2. d4 e5
Conta-atacamos com a nossa infantaria a infantaria do adversário, oferecendo a ele a oportunidade de abrir o jogo com um combate em e5. Mas nosa infantaria em e5 está bem protegida pela nossa cavalaria em c6, e tal confronto resultaria na nossa ocupação do centro do tabuleiro com a nossa cavalaria bem posicionada, fazendo pressão em c4 etc.
3. d5 ...
As brancas decidem evitar a proposta das negras e preferem atacar e colocar em "fuga" e reduzir o domínio da cavalaria negra no centro, conquistar espaço central e ainda ganhar um tempo. Esse conjunto de vantagens é tudo que um grande mestrte desejaria obter.
Mas, assim fazendo, os incautos caem numa cilada estratégica posicional. A" fuga" do cavalo já etava prevista e tratava-se de um engodo. Na realidade é apenas um movimento de reagrupamento, porque pretendemos movimentar nossas peças da Ala da Dama para realizar um ataque na ala do Rei. O espaço central foi cedido pelas negras em troca da possibilidade de bloquear a posição central. O bloqueio central evita o contra-ataque no centro para neutralizar um ataque em uma das alas, uma conhecida recomendação da teoria clássica do Xadrez.
3. d5 Cce7
A cavalaria das negra segue atraindo o adversário incauto para avançar e se expor, enquanto as negras fingem que estão fugindo, movendo duas vezes a mesma peça na fase de abertura, o que constitui um erro de abertura nos dizeres da teoria clássica do Xadrez.
4. Cc3 ...
Desconfiado, o inimigo resolveu ser prudente, e não avançou a sua infantaria. Em vez disso ele resolveu usar a sua cavalaria da ala da Dama para proteger a sua infantaria que está estacionada em d5, e ao mesmo tempo, prevenir um avanço da nossa infantaria para e4.
4. Cc3 f5
Aproveitamdo o ensejo, insistimos em pressionar e4, provocando o adversário para um confronto nesse ponto. É uma tentação para as brancas porque nesse conflito elas sairiam em vantagem posicional, porque sua cavalaria ficaria bem posicionada no centro do tabuleiro, em uma posição aberta, na qual as brancas têm mais espaço de domínio e mais desenvolvimento de peças do que as negras. Isso é tudo que um jogador agressivo como um tiranossauro rex, que tenta se aproveitar das mínimas vantagens, desejaria no combate.
5. Cf3 ...
As brancas, resolveram avançar sua cavalaria da ala do Rei para ganhar um tempo atacando a infantaria das negras estacionada em e5. Elas resolveram provocar o avanço das negras para e4 para depois contra-atacar, usando de sua superioridade em desenvolvimento.
5. Cf3 d6
Essa defesa de e5 com o avanço da infantaria negra para d6 bloqueia o movimento do Bispo do Rei da negras e perde realmente um tempo. Mas, impede o avanço da infantaria branca em d5, iniciando o bloqueio da posição. Também liberta o Bispo da Dama das negras, que agora protege a infantaria negra em f5 e ambos fazem pressão na ala do Rei. A abertura da diagonal e8-a4, possibilitanto um xeque, cria mais um motivo para as brancas se manterem animadas com o seu ataque na ala da Dama.
6. e4 ...
Como as negras recusaram a oferta de avançar para atacar a cavalaria das brancas em f3, as branca resolveram partir para o confronto pelo domínio de e4, do qual sairiam com a cavalaria postada em e4, e seguir adiante na luta em uma posição aberta, confiando na superioridade de espaço e de desenvolvimento que tal confronto resultaria.
6. e4 f4
As negras preferem cerrar o centro e iniciar a construção da sua hegemonia na Ala do Rei, conforme recomenda Kasparov, cortanto o caminho do Bispo da Dama das brancas para a Ala do Rei.
7. Bd2 ...
Uma jogada típica de desenvolvimento, sem qualquer objetivo especial, que de fato apenas acelera o roque grande. Por outro lado, essa jogada também aparenta construir uma possibilidade de ataque, combinando a ação do bispo em a5 com a cavalaria da Dama em b5 para juntos atacarem em c7. Isso aconteceria depois de um ataque, combinando essa mesma cavalaria com a Dama branca colocada em a4 para ganhar tempo com o xeque, e ao mesmo tempo realizar um ataque duplo em a7 que só é defendida pela Torre da Dama das negras. O que irão decidir as brancas?
7. Bd2 h6
As negras estão muito atrasadas em desenvolvimento de peças, mas, apesar disso, realizam aparentemente apenas mais um lance defensivo, que não desenvolve nenhuma peça, se limitando a dominar a casa g5, que poderia ser usada pela cavalaria das brancas colocada em f3. Mas na verdade as negras apenas seguem o seu plano de obter hegemonia na Ala do Rei. Evidentemente, essa tímida jogada também prepara o avanço da infantaria para g5, construindo a posição designada de vitória que vai possibilitar o assalto final na Ala do Rei.
8. Bd3 ...
As brancas decidem insistir num ataque na Ala da Dama, movimentando seu Bispo do Rei para lá, combinado com o roque para a Ala do Rei. Evidentemente ela contaram os tempos necessários e diante de um centro bloqueado, o roque largo exigiria muitos lances de reagrupamento das Brancas antes de poder atacar de forma organizada. De fato elas tentaram tantas manobras de curto prazo que acabaram desarticuladas para agir em conjunto, estão meramente ocupando espaço sem ter mais nenhum plano de ataque consistente.
8. Bd3 b6
Essa jogada dificulta e retarda o avanço da infantaria das brancas para c5 com objetivo de confrontar a infantaria negra em d6 e abrir a posição. Por outro lado libera o Bispo da Dama das negras do compromisso de defender b7, soltando-o para agir na Ala do Rei, se for necessário.
9. O-O ...
Finalmente as brancas caem na cilada estratégica que foi planejada desde o primeiro lance das negras.
9. O-O g5
Esse avanço impede o movimento da cavalaria das brancas colocada em f3 para uma reação de contra-jogo na Ala do Rei via h4, finalizando a posição designada de vitória para as negras, contruindo finalmente sua hegemonia na Ala do Rei.
10. h3 ...
Uma ação tímida de defesa, que apenas adia o ataque das negras, mas enfraquece mais ainda a posiçao das brancas. O destino já está traçado...
10. h3 Cg6
A cavalaria das negras segue tanquilamente o seu rumo para o assalto ao Rei das brancas, cobrindo a casa h4 para poder avançar a infantaria para o combate planejado em g4
11. Bc2 ...
Tudo que reta fazer para as brancas em tentar criar confusão e gerar algum contra-jogo
11. Bc2 h5
O plano das negras segue implacável sem obstrução, preparando para retormar a posição g4 com a sua infantaria em h5, abrindo uma coluna de ataque com a peça pesadas diretamente para o interior do roque branco, aonde a única peça de defesa é o próprio Rei encurralado.
12. Ba4+ ...
As brancas seguem buscando contra-jogo, tentando inutilmente construir um ataque, e no mínimo provocar trocas para arrefecer o ataque das negras.
12. Ba4+ Rf7
O Rei negro simplesmente ignora a perda do roque e segue para o combate na Ala do Rei, deixando as brancas a ver navios, sem ter nada para atacar.
13. Bc6 ...
As brancas insistem em protelar o seu destino, meramente atacando uma peça sem perspectiva nenhuma de obter nenhum lucro.
13. Bc6 Tb8
A Torre negra se move para se defender, mas agora dificulta mais ainda o avanço da infantaria da brancas para c5.
14. Ce1 ...
A cavalaria do Rei das branca resolve recuar para se reagrupar e se mover para uma posição de sacrifício em busca de contrajogo.
14. Ce1 g4
O confronto da infantarias marca o início do inexorável assalto das negras na cidadela do Rei das brancas.
15. Cd3 ...
Liberando espaço e se preparando para um eventual sacrifício no centro para criar alternativas de contra-jogo
15. Cd3 Bh6
Medida para garantir que eventuais sacrifícios serão duramente punidos, bem como abrindo espaço para a movimentação da peças pesadas das negras ao longo da última linha.
16. hxg4 hxg4
Tudo acontece conforme havia sido previsto, agora as negras abriram uma coluna de ataque com peças pesadas diretamente para a o interior do roque das brancas.
17. g3 ...
As branca querem espaço para repirar e propõem trocas ...
17. g3 f3
Mas as negra se recusam a abrir a posição. A coluna da torre aberta ja é suficiente. Elas preferem encerrar o Rei branco em seu esquife definitivamente.
18. Bc1 ...
A troca do Bispo só acelera o ataque das negras e de nada adianta. As brancas preferem mover a peça para libertar sua dama do compromisso de dar proteção ao bispo.
18. Bc1 Df8
A rainha negra entra em cena
19. Be8+ Rxe8
Início do desespero total as brancas começam a entregar as suas peças para retardar sua morte sem outra mínima compensação, além de um xeque ...
20. Da4+ Rf7
21. Cxe5+ Cxe5
outro acrifício inútil em troca de um mísero tempo
22. Dd1 Dg7
A Dama branca não sabe o que fazer, a Dama negra, ao contrário, não tem a mínima dúvida... segur seu caminho inexoravelmente
23. Cb5 Dh7
Agora a posição fatal está preparada e pouco resta a fazer para evitar a morte do Rei da Brancas.
24. Cxd6+ cxd6
Coisa triste...
25. Da4 Bxc1
A dama branca fica possuida pelo desespero, enquanto o bispo negro abre o caminho para sua Dama "finalizar" o Rei das brancas.
26. Dxa7+ Bb7
A brancas ainda esperneiam ...
27. Dxb7+ Txb7
Lamentável situação ... mesmo um jogador comum teria desistido há muito tempo
28. Tfxc1 Dh1#
Uma morte há muito tempo anunciada!
0-1

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