14 de abril de 2011

Sistemas Nacionais de Inovação

Pesquisa científica é essencial para o progresso da humanidade. As nações desenvolvidas criaram sistemas cumulativos de informações científicas, que são compartilhados pelos setores acadêmico, governamental e privado, para alimentar suas usinas de idéias ou sistemas nacionais de inovação. Esses sistemas de inovação dispõem de agências de financiamento, e reúnem as universidades e seus laboratórios, os centros de pesquisa públicos e privados, e seus pesquisadores, para realizar estudos e gerar conhecimento e patentes. Além disso, promovem eventos e concursos acadêmicos, intercâmbio, publicações científicas e sistemas de pesquisa de grandes questões. A coisa toda funcionou muito bem, e a produção científica se multiplicou nos países ricos, aumentando ainda mais a distância entre eles e os países em desenvolvimento.

Falácia em Administração

Mesmo com dezenas de programas de mestrado e doutorado, eventos científicos e periódicos sobre Administração, no Brasil, a produção acadêmica brasileira em Administração é periférica, metodologicamente fraca, ignora os avanços mais recentes, e retorna modesta contribuição. Os acadêmicos estão desviando culpa para o processo de avaliação da CAPES, alegando que desperdiça talento, cria burocratas da pesquisa alienados do mundo real, que só pensam em ganhar “pontinhos” com publicações fáceis, mas ignoram os fenômenos a explicar e as questões práticas a resolver, etc. Porém, esse é apenas outro problema, e não é a causa principal desse fracasso.

A universidade pouco significa em termos de administração, porque está pelo menos vinte anos atrasada nesse assunto. A universidade não tem acesso ao mundo corporativo real, porque as empresas guardam “o verdadeiro segredo do sucesso” da concorrência, a verdade financeira do fisco, e os fatos reais da polícia. Tudo que elas revelam ao público é pura propaganda. Por outro lado, a pesquisa acadêmica em administração só estuda rotinas, e casos de fracasso ou sucesso em pequenos negócios. Os professores não têm experiência real em administração. Poucos professores conhecem a própria metodologia de estudo; raros conhecem metodologia científica, e apesar de falar muito no assunto, eles desenvolvem um grande temor pelo empresariado, desprezam o conhecimento dos profissionais experientes, e não dominam as atividades de estratégia, planejamento integrado, e gerência da criatividade, porque as próprias universidades vivem de vaidade, calúnia e difamação. Elas são defasadas e desestruturadas, porque são muito mal administradas.

A grande dificuldade da administração real está no dia-a-dia dentro da empresa. Pouco importa o conhecimento acadêmico teórico na tomada de decisão. Principalmente quando o dirigente de uma empresa ou instituição e depara com situações externas novas e desconhecidas. A decisão acadêmica em administração é uma "fantasia ideal", primeiro, porque a Ciência exige o conhecimento total do problema. Segundo, porque o cientista tem todo o tempo do mundo para pensar e resolver o problema. Terceiro, porque a universidade está distanciada da realidade. O mesmo não acontece com a tomada de decisão real, que ocorre em regime de assimetria de informação, tem prazo para se realizar, e dirigente tem que decidir de um jeito ou de outro para não perder as oportunidades. O mercado também não é igual a um fenômeno físico que sempre se repete numa relação de causa efeito. O mercado é um ser vivo, dinâmico, dotado de inteligência própria e crescente. Por isso, a realidade é mutável e nunca se repete da mesma forma. A tomada de decisão, no mundo real, requer informação atualizada da realidade, experiência, assessoria técnica, estratégia e sabedoria.

Sistemas Nacionais de Decisão

Do mesmo modo que nos países desenvolvidos foram criados os sistemas cumulativos de informações científicas para ajudar os cientistas e pesquisadores, e alimentar os sistemas nacionais de inovação, agora é preciso criar os “sistemas nacionais de informação da realidade”, igualmente compartilhado entre o estado, a universidade e o setor privado, que vai reduzir as assimetrias de informação e harmonizar as intervenções das instituições públicas e privadas, que em seu conjunto formam um corpo que poderia ser chamado de “Sistema nacional de decisão”.

Realidade única Compartilhada e Oportunidade

O fornecimento e gerenciamento da informação da realidade, aliado ao fornecimento de si temas de inteligência para tratar essa informação, constitui a grande oportunidade do momento para realizar grandes investimentos financeiros, seguros, permanentes e lucrativos. Este trabalho mostra apenas uma visão geral, sem revelar detalhes de como essa oportunidade pode se transformar em um projeto de investimento para fornecer bases de dados e comercializar sistemas de inteligência para corporações. Essa é uma discussão especializada, que envolve muito conhecimento, segredo de inovação, parcerias estratégicas com "stakeholders", e segredos de mercado, que não podem ser divulgados pela Internet.

Além de sempre poder usar a informação em primeira mão para realizar seus próprios investimentos, uma grande empresa empenhada com processamento da informação poderia também ganhar muito dinheiro e poder, direta e indiretamente, não apenas compartilhando essa informação como um produto para orientar milhares de outros investidores e clientes, mas também usar a mesma estrutura para comercializar melhor inúmeros produtos da área de tecnologia. Uma ou mais instituições internacionais poderiam se manter facilmente no mercado, reunindo e compartilhando as informações da realidade entre todos os interessados, porque informação de qualidade é um produto que realmente interessa a todos.

Porém, o simples fornecimento de informação em quantidade não é suficiente para alcançar um bom resultado, primeiro, porque muitos já fazem isso; segundo, porque já é fato muito conhecido que o excesso de informação pode confundir, e ser tão ruim quanto a falta de informação. Portanto, a decisão empresarial requer somente a informação essencial, objetiva e confiável. Assim, esse tipo de instituição só terá sucesso se puder organizar e sistematizar o conhecimento da realidade e, além de fornecer acesso aos dados da informação bruta, também puder facilitar a vida dos seus usuários, apresentando informação mais elaboradas, na forma de conclusões lógicas inquestionáveis. Além de fornecer um conjunto de possibilidades, também é útil apontar as impossibilidades, para restringir o espaço matemático das soluções e das ocorrências possíveis. A informação adequada vai facilitar o planejamento e acelerar a tomada de decisão nas instituições. O tempo de reação ao fatos novos da economia é um fator determinante para atuar de forma consistente no mercado.

O conhecimento da realidade global é um fator de grande importância nas grandes decisões de investimento. Qualquer projeto de investimento, mesmo que seja envolvendo atividade simples, como a produção de aves ou de frutas, não pode ser planejado de forma responsável sem levar em conta o conhecimento da realidade nos níveis local, regional, nacional e global.

A realidade é única para todos. Compartilhar as informações da realidade é do interesse de todas as instituições públicas e privadas e de toda as pessoas. Mas a realidade é conhecida de forma diferente em cada lugar. A fonte da informação local esta na própria localidade. Só quem está in loco pode conhecer profundamente a sua pro pia realidade. Quem está distante precisa de sistemas de informação confiáveis para conhecer a realidade de outros lugares de forma mais econômica.

Todas as localidades precisam divulgar a sua realidade local para obter ajuda financeira, realizar investimentos em parcerias e manter bem informados os investidores. Para isso, elas gastam com material de propaganda e divulgação, realizam eventos e festividades locais, e participam de grandes eventos, feiras e exposições nacionais e internacionais. A Internet é um recurso cada vez mais utilizado pelas comunidades locais para divulgar as suas virtudes. Milhares delas já tentam fazer isso, cada uma a seu próprio modo, mas nem sempre com a mesma qualidade. Assim, um sistema de informações da realidade nacional de cada país, que fosse amplamente compartilhado, poderia ser alimentado e atualizado com as informações fornecidas pelo seus próprios usuários, ou seja, as empresas, instituições públicas e privadas e cidadãos de cada localidade.

Finalmente, uma decisão que é tomada em um local pode levar ao colapso um empreendimento em outra localidade. Um sistema nacional de decisão, que promovesse uma harmonização de interesses, poderia encontrar soluções de consenso e transição para evitar que problemas dessa natureza ocorram, prejudicando a sociedade e a economia nacional como um todo.

Autor
COVA, Calydson Guimarães.

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