14 de abril de 2011

O Gargalo Relacional

Com este comentário, que trata da evolução da tecnologia de bancos de dados, nós esperamos estar contribuindo com a discussão sobre a integração dos sistemas institucionais em cada país membro da CIAT.

O principal problema dos sistemas atuais é a dificuldade que eles apresentam para aumentar a inteligência institucional, que é imprescindível para cruzar informações e detectar fraudes fiscais. A conhecida planilha eletrônica de dados que ainda hoje está sendo usada, foi desenvolvida na década de sessenta, tendo como base os trabalhos do professor e matemático Igor Ansoff. Ela recebeu o nome de "Sistema de Planejamento Estratégico", porque integrava todos os cálculos de planejamento financeiro e contábil que eram usados para orientar a estratégia das empresas naquela época. A planilha eletrônica usa a Standard Query Language - SQL, uma linguagem padrão, que foi criada para operar somente com matrizes de dados uniformes (caracteres numéricos e literais da tabela ASCII que são gerados pelo teclado do comptador) .

A planilha de dados serviu de paradigma para a construção dos bancos de dados relacionais, SGBDs, que atingiram o máximo sucesso na década de oitenta, mas ainda estão sendo usados até hoje nos países menos desenvolvidos. A tecnologia relacional evoluiu rapido e facilitou a vida dos usuários corporativos. Mas em pouco tempo ela praticamente esgotou seus recursos diante das crescentes exigências de uso de “software” em rede, multimídia, multitarefa, multiusuário, e comunicação múltipla e simultânea em tempo real.

A tecnologia relacional foi superada pela tecnologia dos bancos de dados orientados ao objeto na década de 1990, na qual cada objeto é um registro que tem seus dados protegidos, e uma identidade única, tornando obsoletos os problemáticos números identificadores de registro. Essa nova tecnologia de “software”, inicialmente, não era usada nos grandes bancos de dados, porque gerava programas grandes e lentos, que exigiam muita memória para operar. Mas a evolução dos sistemas operacionais unix orientados ao objeto, a evolução permanente do “hardware”, o aumento da velocidade e barateamento de memórias eletrônicas, permitiram essa nova tecnologia superar os grandes problemas de engenharia de software dos anos 90, que os modelos relacionais não podiam resolver.

A crise dos bancos de dados relacionais ficou evidente com o uso das redes de microcomputadores e sistemas operacionais dotados de interface gráfica com múltiplas janelas, icones e botões, e recursos de "drag drop", que não podiam ser usados com aqueles programas antigos, baseados em interface "primitivas", deixando os usuários decepcionados. Pressionados pelas reclamações dos usuários das redes de microcomputadores, os grandes fabricantes de banco de dados relacional adotaram interfaces gráficas e foram criando novas rotinas para simular as operações orientadas ao objeto, porque precisavam preservar seus grande clientes corporativos. E assim, os antigos bancos de dados relacionais puderam resistir até os dias atuais.

Hoje, a tecnologia relacional pouco pode contribuir com o aumento da inteligência institucional, porque as associações entre os dados relacionais são construídas pelos analistas de sistemas na forma de rotinas de programação compiladas, usando a hermética linguagem de banco de dados para criar novas páginas de dados e tabelas de ponteiros, enquanto as associações orientadas ao objeto são feitas facilmente, e de forma transparente, porque usam associações que também são classes de objetos.(transparência em análise de sistemas significa tornar"invisível"; na área financeira e institucional, significa tornar “tudo” visível).

Usando sistemas orientados ao objeto os usuários finais podem gerar novas associações entre os objetos sem qualquer problema, diretamente na interface, usando o recursos das "templates", que permitem ao usuário final, por exemplo, criar um novo editor de textos "customizado", em poucos minutos, meramente escolhendo os componentes na tela, como se estivesse numa prateleira de supermercado.

A integração dos sistemas através de bases de dados universais é uma mudança inexorável nas instituições. O controle dos registros em diferentes instituições torna quase impossível a integração dos sistemas. O mesmo cidadão está registrado no departamento de trânsito, na receita federal, nos órgãos de identificação, nas forças armadas, no sistema de proteção ao crédito, na polícia federal, nos sistemas de pagamento, nos sistemas de controlde de pessoal, nos sistemas de previdência, nos sistemas bancários, na companhia telefônica, nos sistemas de patrimônio, nos quase inúmeros sistemas comerciais privados, nos órgãos da justiça etc. Como nem todos esses sistemas estão igualmente protegidos, a vida dos cidadãos e das pessoas jurídicas ficam a mercê dos inimigos, e dos profissionais invasores de sistemas, que estão décadas mais avançados em termos de tecnologia do que os "defensores dos sistemas", que são geralmente “micreiros”, empregados de nível médio, subalternos com pouca informação, e mal pagos.

Para obter a inadiável integração dos sistemas institucionais, a solução é adotar uma base de dados universal, que possa absorver as existentes, e sistemas de alta disponibilidade, para permitir o uso simultâneo de todas as instituições. Essa é uma simplificação drástica, que somente as base de dados puramente orientadas ao objeto podem oferecer, porque são constituídas de instâncias únicas de objetos de cada classe, com atributos únicos no ambiente virtual, cada uma delas correspondendo a um único objeto com identidade e existência no mundo real. A identidade única de cada objeto é um princípio fundamental da Lógica, e portanto, uma exigência básica para implementar a verificação de coerência lógica, sem a qual, não é possível construir sistemas realmente inteligentes.

Saudações a todos
COVA, Claydson Guimarães

Nenhum comentário: