14 de julho de 2008

Sistema de Integração Corporativa – Sicorp (5ª parte)

Pensamento, lógica e análise conjuntural

O que é um fato?

Fato é um termo, usado na linguagem científica, para indicar qualquer coisa que existe na realidade. Assim, este texto é um fato, mas também é um fato que você o leitor está lendo este texto. As palavras que aqui estão escritas constituem um fato. Mas, por outro lado, não são fatos, o conjunto das idéias que estas palavras podem suscitar na mente do leitor, porque elas só vão existir, uma de cada vez, durante a leitura, quando o processamento mental se tornar também um fato. Na ciência, um fato não é certo nem errado, é apenas um fato, sem classificação. O fato apenas "é", se existe prova da sua existência, ou "não é", se não existe tal comprovação. Os fatos podem ser produzidos espontaneamente na natureza ou provocados intencionalmente pelo homem, por exemplo, com o objetivo de estudá-los. Uma grande parte do esforço da ciência destina-se ao conhecimento dos fatos ainda desconhecidos e suas implicações. O conjunto dos objetos do mundo real são fatos da realidade, mas não são fatos a realização futura das promessas que fazemos uns aos outros. Assim, o valor variável associado ao dinheiro, sendo uma promessa de pagamento ainda a se realizar no futuro, não constitui nenhum fato, mas, mera ficção.

O que é uma idéia?

As idéias isoladas são entidades de informação que surgem naturalmente no interior da mente. As idéias surgem na mente por diversos motivos. Idéias como "faz frio", "está chovendo", são produtos da estimulação dos sentidos. As lembranças de uma pessoa ou coisa são idéias que surgem na mente por causa das informações do passado que estão registradas na memória, e surgem eventualmente em momentos de reflexão. A inteligência da mente humana é capaz de criar idéias novas, imaginar coisas que ainda não existem e assim por diante.

O que é um pensamento?

Um pensamento é uma associação que se estabelece entre duas ou mais idéias. Um pensamento pode ser simples ou complexo, envolvendo muitas idéias. A ligação entre as idéias pode ser de diversos tipos. Se estabelecermos ligações sem qualquer motivo entre as idéias, nós estaremos diante de um pensamento aleatório e muito provavelmente sem qualquer sentido; se estabelecemos associações do tipo emocionais entre as idéias, nós estaremos produzindo um pensamento no campo da poesia; quando nós estabelecemos associações entre idéias existentes e idéias criadas na nossa imaginação, nos estaremos muito provavelmente desenvolvendo um pensamento de ficção, que pertence ao universo da fantasia. Um pensamento pode ser uma declaração, pode ser uma questão em aberto, ou pode ser uma suposição ou uma hipótese. Toda questão em aberto é um problema para a mente inteligente resolver.

O que é raciocínio?

Quando tentamos verificar uma hipótese para que ela se torne uma declaração, e para isso, nós usarmos a capacidade da razão da mente inteligente para ordenar as ligações entre os fatos, nós estaremos estabelecendo um raciocínio. Nem todo pensamento é raciocínio, porque raciocínio é uma associação especial de implicação entre duas idéias, onde a primeira é a premissa e a segunda a conclusão. Assim, quando nós mesclamos associações entre idéias conhecidas e verdadeiras com idéias falsas, nós estamos cometendo inadvertidamente um engano; quando apresentamos somente as virtudes ou somente os defeitos de alguma coisa, estamos gerando pensamentos tendenciosos ou ingênuos; quando a tendência dos pensamentos é intencional, nós estamos gerando uma peça de propaganda enganosa, com objetivo de persuasão; quando estabelecemos somente as relações francas entre as idéias nós estaremos descrevendo os diferentes aspectos da nossa visão de realidade, a nossa verdade particular; quando descrevemos as relações entre as idéias de acordo com os princípios gerais comprovados pela ciência, estamos tentando estabelecer uma verdade única ou absoluta; quando estabelecemos um raciocínio através de associações sem sentido entre as idéias nós estamos desenvolvendo um raciocínio falacioso.

O que é raciocínio lógico?

Como vimos acima, as idéias, os pensamentos e os raciocínios pode ser de vários tipos. Mas um pensamento só é raciocínio lógico se ele satisfizer aos três princípios fundamentais da lógica, que são: o princípio da identidade, o princípio da não-contradição e o princípio do terceiro-excluído. A lógica não se preocupa se uma idéia ou pensamento é falso ou verdadeiro; a lógica é apenas uma maneira particular de ordenar o pensamento, entre outras infinitas maneiras diferentes de se fazer isso, pois se estabelecemos outros princípios "lógicos" como sendo princípios fundamentais, matematicamente nós estaremos diante de outros tipos de lógica. Quem deve estabelecer se uma idéia é falsa ou verdadeira não é a lógica, mas a ciência. A utilidade da lógica é apenas verificar se um raciocínio é válido ou inválido, ou seja, se um determinado raciocínio é composto de relações válidas a ponto de ser considerado coerente ou se apresenta relações não-válidas a ponto de ser considerado incoerente. Os documentos irracionais, sem sentido, contendo erros, os tendenciosos, poéticos, esotéricos, emocionais, subjetivos e falaciosos são inúteis para auxiliar racionalmente na tomada de decisão. Toda a informação técnica e científica é lógica, toda documentação institucional é um documento com valor jurídico, todo documento jurídico deve ser lógico, assim, todos os documentos institucionais, para terem valor operacional e jurídico, devem apresentar total coerência lógica em relação às suas declarações ou proposições.

O que é realidade?

O conceito de realidade não implica necessariamente no conjunto de todas as verdades absolutas, se considerarmos que: primeiro, a realidade é um conjunto de idéias que pertence ao domínio da percepção humana; segundo, que esta é limitada pelos sentidos, pelas limitações da razão e da inteligência humana; terceiro, a realidade de cada um está restrita ao universo limitado das informações corretas disponíveis. Assim o conceito de realidade é relativo e variável, no tempo e no espaço.

O que é conjuntura?

Conjuntura é o nome que se dá a uma visão abrangente da realidade econômica. A realidade econômica é dividida em duas partes bem distintas, a conjuntura real e a conjuntura fictícia: a primeira é estabelecida através de um conjunto de fatos da realidade que compõem a economia positiva ou economia real; a segunda parte da conjuntura se refere aquilo que podemos denominar de economia fictícia, porque trata com o valor presente e futuro dos bens e com as promessas de pagamento decorrentes do uso do dinheiro.

Mesmo considerando apenas a realidade positiva, podemos observar que ela está submetida a um contínuo processo de transformação, de forma que podemos dizer que a realidade é como o vento, quando encerramos o vento em uma caixa ele se torna ar estagnado, do mesmo modo, quando fixamos a realidade na forma de um conjuntura ela se torna uma imagem estagnada. Em função da complexidade, variedade e mutabilidade, haverá sempre, portanto, uma parcela da realidade que será desconhecida e não estará contida em uma determinada conjuntura. O melhor que nós podemos fazer é acompanhar o movimento da realidade através de um esforço de atualização permanente e contínuo.

Para melhor conhecer a realidade positiva os analistas de mercado desenvolvem os estudos de análise fundamentalista, que são baseados principalmente no que realmente existe em de cada sociedade de capital aberto do mercado de capitais, mas também considera as potencialidades futuras e bens imponderáveis. Os analistas de longo prazo estudam em conjunto, a influência mútua dos diversos setores da economia e seus mercados em expansão ou retração, tudo isso, levando em conta os aspectos políticos e sociais presentes na realidade, e suas respectivas tendências, dentre outras informações obtidas de forma exclusiva.

A conjuntura da economia fictícia é muito mais complexa, subjetiva e mutável que a economia real. Ela é objeto de procedimentos automáticos e de análises gráficas nas mesas de operação das instituições financeiras. A grande complexidade e mutabilidade da economia fictícia globalizada pode ser observada com a intensa alteração dos índices e cotações dos papéis da empresas nas bolsas de valores. Nesta área não mais é possível competir sem a ajuda de poderosos sistema informatizados de computação trabalhando com máquinas de grande capacidade.

O que é previsão?

Se perguntarmos a um analista de mercado de capitais se o trabalho que ele realiza é racional ou irracional ele certamente responderá que é racional. Esta resposta certamente se refere ao uso do raciocínio, mas não implica uso exclusivo da lógica, nem está amparada em certezas absolutas porque a decisão do mercado de capitais costuma ser também uma aposta intuitiva no futuro. Os fatos que vão ocorrer no futuro não existem ainda e nada garante que eles realmente venham a existir "de fato", assim, o que não existe não tendo identidade não atende ao primeiro princípio da lógica.

A lógica que até aqui nos referimos e cujo poder de análise foi ultrapassado pela complexidade conjuntural, é denominada de Lógica de Classes. Para poder analisar melhor a conjuntura é preciso recorrer a um outro tipo de lógica, a Lógica Dialética, que é um tipo de lógica que além de considerar as coisas que existem, também considera as coisas que têm possibilidade de existir, em termos probabilísticos.

A lógica dialética segue aproximadamente os mesmos princípios da lógica de classes, estabelecendo associações entre as idéias ou declarações, onde as primeiras são as premissas e as segundas as conclusões. Mas o que é considerado falso e verdadeiro na lógica dialética nem é mais estabelecido pela ciência, é meramente uma afirmação, pela qual assume total responsabilidade apenas a pessoa do analista que desenvolve a análise.

Conclusão

Uma vez estabelecido, que tanto a lógica de classes como a lógica dialética podem ser sistematizadas através dos mesmos princípios de implicação, e que a lógica é a base dos computadores atuais que adotam o modelo Von Newman, então, se forem superadas as dificuldades da semântica da linguagem, será possível fazer com que o computador verifique a coerência lógica de uma base de dados no formato de dados complexos do tipo texto.

A utilidade de um sistema de verificação de coerência lógica é muito simples: além de evitar o retrabalho, erros e enganos internamente na corporação, causados por desinformação, e aumentar o tempo disponível para o descanso e criatividade dos funcionários, a principal vantagem prática está na possibilidade de reduzir drasticamente o tempo de reação das corporações em relação aos fatos novos e potenciais da economia real e da economia fictícia. Uma análise conjuntural que hoje é feita em meses poderá ser realizada e atualizada instantaneamente, com maior qualidade, absoluta coerência e grande facilidade de verificação, colocando as corporações usuárias em grande vantagem em relação a todos os demais investidores no mercado de capitais.

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